O melhor vinho do mundo é..
Se está à
espera de uma resposta objectiva e imediata sugiro que pare de ler este texto
agora. Não parou? Óptimo! Então acompanhe-me por aqui abaixo enquanto pensamos
os dois e trocamos algumas impressões, ok? Primeiro, não anda farto que lhe
digam do que deve e não deve gostar e do que é bom, mau, aceitável ou
assim-assim? Posso tratar-te por tu? Olha, eu ando – fartinho – e quando
descobri que queijo da serra vai muito melhor com vinho branco (um encruzado do
Dão, com algum tempo em garrafa, por exemplo) do que com tinto, marimbei nos
certos e errados do vinho e comecei a fazer o meu próprio caminho. E nesse
caminho, descobri algo que me deixou muito triste (chega para cá esse ombrinho)
– é que, por mais anos que viva, não viverei os suficientes para provar tudo o
que existe… E isso leva-me à segunda ideia: beber rótulos é tão estúpido como
não beber rótulos, ou seja… beber condicionado por rankings e listas e revistas e livros e “10 vinhos que tens que
beber antes de morrer” é uma palermice. Mas é uma palermice tão grande como não
aproveitar o trabalho que outros antes tiveram para nos ajudar no meio da
diversidade do mundo do vinho (e a riqueza deste mundo – deste universo! – está
justamente na sua diversidade). Beber um Romanée-Conti está para o vinho como,
para ser casto e contido no exemplo, levar a Sara Sampaio a jantar fora para um
homem digno desse nome: é um sonho apenas ao alcance de alguns. Mas pensa
comigo: não é a tua mulher, ou o teu marido, o melhor do mundo? E não são os
teus amigos os melhores amigos do mundo? E os teus pais e filhos e família, e
por aí fora, etc, também os melhores do mundo?
Pois é: o melhor vinho do mundo é o vinho que bebemos com eles, nas suas companhias e nos momentos em que juntos celebramos a vida e os momentos especiais. Mas para isso, precisas de bons copos. Achavas que esta era uma crónica fácil e que eu te deixava sair daqui sem te massacrar com os copos? Se achavas isso, esquece. A seguir falamos de copos e se te aguentares, de muito mais. Sempre sobre o vinho, claro, “a prova constante de que Deus nos ama e nos deseja ver felizes”…